sábado, 4 de fevereiro de 2017

A lua partida e sua ida

A lua está partida bem ao meio, será que você viu?

Ela estacionou bem em frente a minha janela.
A lua vem quando seu cheiro se esvai pela distância

Você me diz tantas vezes que teu amor é meu

E eu te digo, ao som da canção que roubaste pra mim
Que o que tenho de mais valioso em mim é teu 

E ainda que haja valia inquietante nos beijos de amor
É no poetar que eu despejo meu amor, e ele é teu.
Nos últimos mais de trinta escritos que de mim desaguaram 

Não houve um que você não se fez esboço e lapidação
Seus olhinhos que me sugam por inteira fazem da lua
Um clichê de multiplicação dos milênios incontáveis

E é na limitação contabilizadora dos seus dez dedos
Que minhas mãos se encaixam e dançam, e dançam
E logo eu que achei ter me perdido no tempo
Reencontro a ampulheta da vida de trás pra frente
A lua partida ao meio é retrato fiel da sua ida 
E é no chão da sala que eu refaço nossos desejos
E nas coordenadas escondidas no delinear do teu sorriso
Que eu sigo e te encontro em algum novo alumiar